Hoje, parece existir uma grande unanimidade sobre a importância da comunicação nos serviços de saúde, mas na prática, do dia a dia, ela é com frequência valorizada. A falta de recursos humanos, é uma das razões apontadas pelos técnicos para explicar a sua desvalorização. Os doentes, por seu turno, queixam-se da crescente desumanização com que são tratados pelos serviços de saúde, mas frequentemente, adoptam atitudes de deferência e gratidão para com os técnicos de saúde, em relação aos quais predominam os comportamentos de obediência e o não fazer perguntas sobre a sua situação clínica.
Esta situação é altamente preocupante, conforme apontam as conclusões da investigação. Na verdade, os doentes informados tendem a aderir mais e as repercussões são positivas, não só a nível do doente mas, também, a nível do próprio funcionamento do serviço. Neste âmbito, a autora investigou o impacto da informação, em doentes internados para serem submetidos a uma intervenção cirúrgica. O estudo demonstrou que a maioria dos doentes não possuía informação sobre a sua situação clínica, principalmente, sobre a sua cirurgia. No entanto, os que se encontravam informados manifestaram um maior nível de satisfação face à informação fornecida e um menor nível de ansiedade.
Estes resultados, embora de acordo como os de estudos anteriores, não são, todavia, partilhados pelos técnicos de saúde, que defendem que o fornecimento de informação pode causar efeitos adversos no doente, nomeadamente aumentar a sua ansiedade, diminuir a sua adesão ao tratamento e aumentar as queixas sobre os efeitos secundários do tratamento.
Autora:
Maria da Luz Melo é licenciada em Psicologia, mestre em comunicação em saúde e doutoranda em psicologia clínica e da saúde. A sua actividade profissional tem se centrado na área da saúde, sendo actualmente docente da Escola Superior de Enfermagem de Ponta Delgada. Psicóloga clínica, docente e formadora tem privilegiado a comunicação como veículo primordial na prestação de cuidados de saúde qualificados.